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Digital Signage Expo 2009 - Las Vegas

O Digital Signage Expo, o maior evento de Digital Signage da atualidade ocorreu entre 24-26 de Fevereiro 2009 em Las Vegas. Vou tentar justificar meu atraso em escrever esse post com a dificuldade em resumir toda a experiência após uma viagem dessas - na prática, há muita informação circulando simultaneamente e foi praticamente impossível estar em todos esses lugares ao mesmo tempo, seja nas excelentes palestras ou mesmo para conferir os novos e inovadores produtos lançados. Portanto, vou focar mais nos pontos que me chamaram a atenção assim como nos aspectos que possam dar uma luz nos caminhos futuros de nossa indústria.

Como foi o movimento da feira, tendo em vista a recessão mundial?
Essa foi a grande pergunta pré-evento. O movimento no DSE de certa forma é um termômetro da crise em nosso mercado. Em números, o público caiu de 3.500 para 3.000 pessoas, mas o número de exibidores cresceu de 150 para 180 (nesse caso leva-se em consideração que os exibidores compraram seus espaços antes de Setembro de 2008...). Destaco a presença de diversas agências de publicidade, sobretudo nas palestras, seja por curiosidade ou mesmo por obrigação de começar a melhor entender o espaço DOOH. No entanto, olhando as mais famosas figuras do mercado como Bill Gerba, Rob Gorrie, David Haynes, Laura Davis entre outros, todos estavam na maior parte do tempo bastante ocupados dentro de alguma sala de reunião (excetuando quando não estavam dormindo nos sofás do stand da BroadSign ao lado do café, como foi o caso do Dick Trask - que por sinal deixou a Scala no início de Março após quase 5 anos como Diretor de Marketing e RP da Scala). Minha conclusão é que a "crise" espantou os curiosos e que quem circulava por ali estava realmente envolvido em projetos sólidos. Ou seja, tivemos um público menor mas aparentemente mais qualificado.

Vale destacar também a presença de um bom grupo de Brasileiros. A Samsung Brasil, por exemplo, tem investido pesado no setor de Digital Signage e levou um considerável grupo de empresários para o evento. Iniciativas como essa são extremamente louváveis e ajudam o mercado a prosperar capitalizando nos erros e acertos dos "gringos".

Quais as principais novidades no salão do evento?
A primeira sensação que tive é de não ter tantas novidades e de haver mais produtos semelhantes. Por exemplo, vi em muitos stands: telas 3D, reconhecimento facial, micro-PCs, tecnologias interativas com gestos, integração com mobile, sistemas de distribuição com CAT5 e videowalls. Entendi isso como um sinal de maturidade, as inovações que vieram para ficar começam a se consolidar e o espaço de concorrência se forma - não me lembro de nenhuma empresa que tenha apresentado algum produto revolucionário e único.

Infelizmente ainda não identifiquei um preço viável para as telas outdoor (com as da Pantel), películas interativas (..) ou mini PCs (como os da Aopen ou Ibase).

No âmbito das aplicações, chamou a atenção o Vending Machine interativo da Samsung (vídeo abaixo). Sempre dou destaque as interações entre tela e celular - pois acredito que essa convergência é rica e inevitável - e nesse sentido meu favorito continua sendo a Locamoda.


Entre as empresas de software, o interessante foi um novo foco no SMB (pequenos contratos de 1 a 10 pontos). Diversas empresas, conhecidas ou não em nosso mercado, assinaram acordos de distribuição. Até então as empresas de software focavam no que chamamos de "operadores de rede" ou mesmo diretamente para revendas, empresas com potencial para gerar contratos de dezenas a centenas de pontos, tipicamente em redes de varejo ou contratos de comunicação corporativa. Com a distribuição, o objetivo é atingir milhares de pequenos empreendimentos. Os desafios são grandes, especialmente em nosso país onde a conectividade a internet e o conhecimento de informática ainda é relativamente reduzido.

Nesse tema, me chamou a atenção uma das estratégias da Scala, uma parceria com a Frame Media, lançando a SignChannel, um sistema de Digital Signage baseado em tecnologia de porta retratos digitais. Acredito que nessa a Scala vai direto aos clientes, e não vai envolver suas revendas, o que é uma alteração significativa de seu modelo de negócios.

O modelo SaaS parece estar se consolidando também. As principais empresas de software que tipicamente "vendem" sua plataforma, lançaram seu modelo SaaS. A motivação é bastante evidente; a maioria dos clientes não quere saber de administrar infraestrutura de TI, mas sim ter um ótimo conteúdo, expandir e comercializar mídia - assim mantendo seu foco.

Os desafios para as novas ofertas SaaS serão interessantes de acompanhar, mesmo para os "líderes do mercado". Essencialmente, ser um desenvolvedor de software e ser uma empresa de gerenciamento de infra-estrutura requer conhecimentos bem diferentes. As plataformas de "venda" que conheço são baseadas em um módulo servidor de um nó (um único servidor). Com a tecnologia atual, é possível ter 1000, talvez 2000 players conectados em um único servidor. No entanto, uma infra-estrutura SaaS deve ser capaz de ter escalabilidade para dezenas ou centenas de milhares de localidades. Para se atingir isso, somente com uma arquitetura de servidores em cluster. Para softwares projetados para um único nó, isso será um desafio significativo.

Meu favorito em relação ao software (ressalva para minha opinião que pode ser claramente tendenciosa) foi o lançamento do BroadSign Open. O BroadSign Open é uma API ou Software Development Kit (SDK), permitindo principalmente 2 coisas:

- Criar uma interface própria de compra de mídia ou controle do software. Por exemplo, é possível criar um site onde o comprador de mídia automaticamente escolhe onde quer anunciar baseado em critérios sócio económicos e demográficos, enviar o conteúdo e receber uma PI (Pedido de inserção).

- Integrar domínios BroadSign. Clientes que tem suas redes de pequeno e médio porte podem se unir a uma infra-estrutura que já tem outros 20 mil players. Por exemplo, dois ou mais operadores de rede podem se unir e compartilhar inventário disponível em sua grade de programação para anunciantes externos. Isso lida com dois importantes aspectos para aceitação de nosso mercado: padronização e massa crítica. Na realidade, o comprador não quer saber se está comprando do operador A, B ou C, mas sim que está atingindo uma massa crítica significativa de seu target.

Em resumo, vejo uma tendência a se criar uma facilidade de se comprar publicidade em digital signage quase igual a de se comprar do Google ad-words.

Palestras sobre Conteúdo
Provavelmente o ponto alto das palestras aqui. Mas como estou devendo um artigo específico sobre conteúdo, não vou entrar em muitos detalhes. Em particular, Bill Gerba, Paco Underhill e Philip Lenger foram meus favoritos. Um dos comentários mais interessantes foi do Lenger, que o conteúdo não tem que ser sensacional todo o tempo, ele tem que ter algumas peças muito boas e ser bom na média. Ou seja, para um país com um alto padrão de produção como o nosso o recado é: diminuam a qualidade de ótimo para bom, reduzam o preço e façam mais volume de conteúdo.

Tendências para o Digital Signage no Varejo (adaptado de Laura Davis-Taylor)

Esqueça "content is king", a regra é "relevancy is king"
A grande maioria das instalações de Digital Signage tem focado em um método de distribuir publicidade para o maior público possível. Nesse ano o tema focou no público e não no anunciante, salientando que a falta de tempo e stress torna qualquer mensagem que não seja relevante como praticamente invisível.

Adapte-se as métricas ou saia do jogo
A OVAB discutiu seus padrões de métrica do ponto de vista qualitativo e quantitativo, definindo "audiência" para redes de Digital Signage. Houve consenso de público e palestrantes que uma padronização de como se mede a audiência é indispensável para o amadurecimento da indústria e sucesso das redes de Digital Signage.

Valorize seu ponto embasado na realidade e não nos conceitos tradicionais de mídia
Em linha com o aspecto de medição, foi consenso que o valor de uma mídia indoor cresce a medida que ela pode ser contabilizada. Por hora, conceitos como CPM ajudam a nos inserir no contexto da mídia atual por ser o linguajar padrão. No entanto, no futuro, vamos ter que dar passos além para medir o impacto e contabilizar o sucesso das mensagens.

Locais hospedeiros querem oferecer uma experiência única
Enquanto os operadores de rede estão satisfeitos em enviar diversas mensagens para suas diversas localidades, varejistas e outros locais hospedeiros querem que sua instalação seja diferenciada. Eles não tem interesse em que o concorrente do outro lado da rua ofereça a mesma experiência e esperam que nossa indústria perceba isso.

As agências lentamente estão vindo a bordo
Foi significativo o número de agências de publicidade no evento. Seja lá qual o seu estágio de adoção da indústria, certamente significa que a turma em Madison Avenue está cada vez mais de olhos abertos para o segmento.

O Digital Signage não está sozinho
Em termos de "Digital out of Home", há outros sabores de novidades por aí, tanto stand-alone quanto sistemas que podem ser ligados em escala em redes de Digital Signage. Como brevemente mencionado acima, minha primeira aposta é a integração entre celular e Digital Signage.

Ainda tenho que rever minhas notas e é possível que escreva mais posteriormente, mas vejo que esse post está ficando longo demais então, por hora, fico por aqui.







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